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Macrolepiota venenata - DRAP Centro

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O FRADE (<strong>Macrolepiota</strong> procera) COMESTIVEL E O FALSO FRADE (<strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>)VENENOSO. PRECAUÇÕES E SINAIS DE IDENTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA1 - Testemunhos e reflexõesUltimamente têm sido relatadas algumas situações pouco agradáveis relacionadascom o consumo de cogumelos, pressupostamente da espécie <strong>Macrolepiota</strong> procera, maisvulgarmente conhecido na Região por frade ou gasalho.Os testemunhos que se apresentam de seguida revelam aspectos caricatos e por vezesproblemáticos que têm muito a ver com a falta de conhecimento ou uma observaçãodescuidada das características macroscópicas dos cogumelos e que, nalguns casos,derivam para o consumo imprudente de uma espécie (<strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>)incorrectamente identificada:- Uns exemplares de <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> recolhidos num passeio micológicoforam deitados num quintal, perto de uma habitação. Dois anos depois nasceram lácogumelos. Uma pessoa da casa viu e afirmou estarem ali uns “frades”. Chamado averificar, confirmou-se ser <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>. A mesma pessoa retorquiu: “eram tãoparecidos que se não fosses tu a dizer, apanhava-os e comia-os”.- Numa palestra sobre micologia surgiu um individuo com um exemplar de<strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>. Questionados os presentes sobre qual seria a espécie, depois de seter feito passar o cogumelo por toda a plateia (cerca de meia centena de pessoas), todosafirmaram convictamente ser <strong>Macrolepiota</strong> procera. Depois, o apanhador ainda disse quetinha duvidas e que não o iria comer mas, por saber da realização da palestra tinha-otrazido ali para confirmação de que não seria um frade.- Um aluno sexagenário deu conta da existência numa zona bem estrumada, degrande numero de cogumelos iguais ao <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> identificado na aula, e deque não os tinha apanhado, pois lhe pareciam diferentes dos frades.- O dono de um restaurante não teve oportunidade de ir a um passeio micológicopara o qual estava inscrito, mas pelos presentes chegou-lhe ao conhecimento do encontrode um cogumelo (<strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>) não comestível muito parecido com o frade. Talfacto deixou-o apreensivo e logo veio solicitar informação escrita e fotográfica da espécie,pois apanhava, comia e servia frades habitualmente no seu restaurante.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C1


uma pré-disposição para detestar cogumelos silvestres e rejeitar definitivamente, qualquerperspectiva futura de consumo.- Uma filha relatou que os seus pais consumiram “frades” apanhados em Maio. Estesforam confeccionados após terem permanecido dois ou três dias em sacos de plástico.Fizeram o teste do alho e da prata e, não tendo observado escurecimento dos cogumelos,comeram ao meio dia e repetiram à noite. O mal estar que o casal sentiu foi tal que, àsquatro da madrugada e aos vómitos, tiveram de ser ambos levados para o hospital.“Apesar de vomitarem tudo, o sangue continuava envenenado”. Estiveram um mês nohospital. Não urinavam, o seu pai de tão inchado até a camisa rebentava; à sua mãe os rinspararam, teve de fazer hemodiálise.- Um rapaz, no final de um passeio micológico afirmou terem havido, há anos atrás,problemas com um pastor, que morreu por ter comido uns “frades”. Dava-lhe a impressãode serem os cogumelos que estariam lá nessa altura, junto ao curral. Identificados osexemplares recolhidos no local, confirmou-se serem <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> e não<strong>Macrolepiota</strong> procera.- Numa acção de divulgação sobre produtos silvestres, os presentes deram ainformação de que em tempos, numa aldeia vizinha, algumas pessoas morreram outiveram problemas pelo consumo de “frades”.Os testemunhos e actuações relatadas anteriormente põem a descoberto um estadoactual de coisas que merece reflexão e melhor atenção:- A falta de informação e o desconhecimento das pessoas, sobre a existência deuma espécie, não comestível, muito semelhante ao frade (<strong>Macrolepiota</strong> procera).Não havendo consciência disso, os colectores mais experimentadas e observadoresquando verificam nos cogumelos aspectos que não se enquadrem integralmente nascaracterísticas do frade que tradicionalmente apanham, por precaução, rejeitamliminarmente estes. Um grupo de pessoas previdentemente solicitou a identificação dasespécies duvidosas ou a remessa de informação adicional, esclarecedora das característicaspróprias do <strong>Macrolepiota</strong> procera e do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> para a sua fácildiferenciação.Houve porém gente, com menos experiência e conhecimento e pouco atenta aalgumas evidências, em que a confiança foi total. Para estas a semelhança era tanta e talque nem consideraram outra hipótese que não fosse outra coisa que o frade - “O chapéu é________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C3


igual. Tinham anel”. Houve inclusivamente a procura de uma justificação nada expectávelpara a cor vermelha do pé, adquirida após o corte. A utilização da faca, com lâminanormalmente de aço temperado, não tem capacidade de influenciar a reacção de oxidaçãodo “frade” que se dá de imediato, com consequente alteração da cor. Para o comprovarbastaria uma simples abertura manual do cogumelo, com exposição directa da carne ao ar.De facto há alguns aspectos exteriores um pouco comuns às duas espécies. Ambastêm: um anel no pé e um chapéu de tamanho idêntico, com a cutícula no decorrer da suaabertura a romper-se em escamas da periferia para o centro, mas uma observação maiscuidada dá rapidamente para perceber que até nestas semelhanças se manifestam grandesdiferenças.- O nome de frade associado ao <strong>Macrolepiota</strong> procera é extensivo a outrasespécies do género <strong>Macrolepiota</strong>.Regista-se o mesmo nome para diferentes cogumelos com todas as questões que daípodem advir se alguns não forem comestíveis como é o caso do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>.Em concreto foi possível também verificar a mesma denominação para o <strong>Macrolepiota</strong>phaeodisca, nalguns locais apelidado de frade cabreiro. Esta espécie, descritarecentemente (há menos de 30 anos), é muito mais pequena (a rondar alturas próximas dos10 cm) e o chapéu apresenta algumas particularidades: tamanho superior ao do pé e umdisco central plano de cor muito escura (castanho escuro, quase negro). Na nossa Regiãoaparece normalmente a Sul da Serra da Gardunha, em pastagens abertas com sobreiros eazinheiras e apesar de, nos manuais em que é referida, constar como não comestível ou desuposta/desconhecida toxicidade, ela é tranquilamente consumida por aqui nalgumaslocalidades.Fotos 1 e 2 - <strong>Macrolepiota</strong> procera (maior) e <strong>Macrolepiota</strong> phaeodisca (menor)- A falta de atenção dada às características macroscópicas dos cogumelos emparticular às da base do pé.Nalgumas localidades é habitual a apanha dos frades no campo ser feita através docorte a meio do pé. Como se explicará mais adiante a forma do bolbo do pé é uma dascaracterísticas que diferencia o <strong>Macrolepiota</strong> procera do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>,________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C4


impedindo tal atitude fazer uso de um aspecto importante na identificação das duasespécies.- A manutenção do uso em meio rural do alho e de objectos em prata comométodo de confirmação da comestibilidade dos cogumelos.Uma tradição errónea e sem qualquer fundamento, que urge desmistificar junto dapopulação micófila, pelas graves implicações que envolve a manutenção de talprocedimento.- O uso de sacos de plástico na apanha de cogumelos e, mais grave, da suamanutenção vários dias em sacos, antes da preparação e efectivo consumo.Uma prática a erradicar nos colectores, completamente desadequada para a apanha econservação dos cogumelos, que conduz a uma degradação rápida, com implicações muitonegativas na qualidade e na sanidade do produto a consumir.- A ingestão de falsos frades ou de frades em más condições e a ocorrência deintoxicações alimentares ligeiras (com indisposição e diarreia) e criticas (com vómitose falência da função renal).Há algumas pessoas mais sensíveis, mais predispostas a reacções ao consumo decogumelos, sobretudo quando de forma exagerado, mas isso pode suceder com qualqueralimento.Os casos referidos, com pessoas habituadas a comerem e a gostarem de fradesdurante muitos anos, não derivam concerteza da ingestão dos <strong>Macrolepiota</strong> proceraservidos em boas condições. O caso da conservação em saco de plástico, num períodoquente, poderá ter feito despoletar o desenvolvimento de substâncias tóxicas responsáveispelos factos relatados.- A possibilidade de terem ocorrido mortes pela ingestão de falsos frades e/ou deLepiotas.Ao <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> são atribuídas apenas intoxicações alimentares mas aquinestes relatos é dado como causador de intoxicações mortais. Porventura o seu consumoexagerado e a falta de cuidados médicos atempados possam levar a situações mais graves.Quanto à possível ingestão de Lepiotas mortais, sendo estes de pequeno tamanho,sem anel duplo e móvel, poderá ter ocorrido na sequência de uma incorrecta identificaçãona apanha de frades ainda numa fase muito juvenil.O <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> é desconhecido da generalidade das pessoas, sendo ainformação escassa e pouco divulgada: em parte devido às poucas ou nenhumasreferências desta espécie nos manuais sobre cogumelos; também porque o <strong>Macrolepiota</strong>________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C5


<strong>venenata</strong> raramente aparece e quando se observa é tardiamente, fora do período dasprimeiras chuvas em que se dá maioritariamente a apanha do <strong>Macrolepiota</strong> procera; a queacresce a falta de iniciativas de divulgação publica.Ultimamente, têm-se verificado Outonos muito quentes, como foi caso em 2009,com as primeiras geadas com efeitos práticos a ocorrerem só em meados de Dezembro.Com o prolongamento do período quente nesta estação, tem-se notado, no tarde, oaparecimento com mais frequência de exemplares da espécie <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>.O <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> está classificado como venenoso, com uma toxicidade levecomparativamente com os Lepiotas mortais. Nestas condições, a sua ingestão provocarátranstornos gastrointestinais cujos sintomas são: mau estar, dores abdominais, diarreia evómitos.No entanto a espécie foi recentemente identificada e como tal ainda está poucoestudada. A resposta pessoal neste tipo de intoxicações é muito variada, podendo ir desdeum simples mau estar até graves quadros de desidratação. Porém os testemunhos aquirecolhidos devem ser valorizados, pois são indicativos de potenciais intoxicações graves emortais.O <strong>Macrolepiota</strong> procera, abundante nos mais diversos locais, é o cogumelo maisprocurado na região e porventura o mais consumido no país, apesar de não passar muitopelos circuitos comerciais. A nível rural trata-se de uma espécie que entra na dieta damaioria das famílias. Numa altura em que cresce a pressão da colheita e num tempo emque se notam mudanças no clima favoráveis ao aumento das populações de <strong>Macrolepiota</strong><strong>venenata</strong>, para evitar males maiores, configura-se a necessidade premente de promoverum conjunto de acções junto da população em geral.Na divulgação e formação na área da micologia, levadas ultimamente a efeito naRegião, tem sido abordada a existência de um falso frade e da toxicidade que lhe éatribuída. Nas acções em que não é possível a sua observação directa e também fora docontexto formativo, satisfazem-se os múltiplos pedidos de prestação de informaçãoadicional sobre o <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> com inclusão de fotografias focadas nos aspectosmais relevantes da sua identificação. Ainda assim, na prática há poucas pessoas alertadas ecom conhecimento para fazerem uma correcta identificação do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>.Neste contexto entendeu-se produzir um documento de divulgação onde fossemenunciados alguns cuidados a ter na apanha, conservação e consumo do <strong>Macrolepiota</strong>procera, assim como apresentadas e comentadas, no essencial, as características distintasdas duas espécies passíveis de confusão.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C6


2 - Cuidados a ter com a apanha, conservação e consumo do frade(<strong>Macrolepiota</strong> procera)Há uma série de cuidados e práticas a ter em conta na apanha e consumo do<strong>Macrolepiota</strong> procera, algumas das quais para precaver a confusão com o <strong>Macrolepiota</strong><strong>venenata</strong>:- Apanhar a totalidade do cogumelo.A extracção deve ser total e efectuada com o cuidado em não remover a camadasuperficial do solo e não danificar o micélio; aspectos que podem afectar negativamente aprodução vindoura. O corte do cogumelo a meio do pé conduz à eliminação da base do pée eventualmente do anel, elementos que apresentam características próprias importantes ediferenciadoras a que se faz recurso para uma precisa identificação das espécies.Compreende-se o corte do pé quando há uma inequívoca identificação da espécie:como medida higiénica para não conspurcar os restantes cogumelos acondicionados comos restos da terra que vêm agarrados à base do pé; nas situações em que se verifique aexistência conjunta de exemplares adultos e na fase primórdio ou muito jovens, em que oarranque abaixo da base do pé pode vir a comprometer desenvolvimento futuro dosjuvenis.fechado.- Não apanhar cogumelos pequenos, na fase inicial ou com o chapéu muitoPara além do menor aproveitamento, nos primórdios as diferenças entre as espéciessão mínimas e pouco visíveis, tanto mais para quem possa fazer a apanha de forma nãoprecavida e sem o conhecimento da existência de diferenças. Mesmo assim, no inicio o<strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> apresenta o chapéu mais redondo e cor com tons vinosos, o bolbodiferente e a carne a avermelhar ao corte.Por outro lado apanhar exemplares de dimensão reduzida e pouco diferenciados,com menos de 10 cm, pode levar à apanha de Lepiotas pequenos com anel, alguns dosquais são tóxicos ou mesmo mortais.- Não apanhar cogumelos envelhecidos e muito alterados.O aproveitamento gastronómico é reduzido ou nulo; quando confeccionados emseparado ou juntos com exemplares em bom estado comprometem a qualidade final doalimento; podem ter iniciado um processo degradativo, com a produção de substânciastóxicas; o avermelhamento da carne, característica do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>, perdeintensidade e visibilidade com o aproximar no final de vida, dando-se mais umacastanhamento, um tanto comum às duas espécies, tornando-se mais difícil fazer adestrinça, tendo apenas este aspecto em atenção.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C7


- Apanhar e levar do campo apenas os cogumelos certos da sua identificação.A análise deve ser individual, um a um, não se devendo colocar todos no mesmocesto (classificados genericamente) só porque nasceram no mesmo local ou aparentementeserão iguais.Não se devem misturar os cogumelos que se conhecem com aqueles em que se têmduvidas ou desconhecem, neste caso concreto com o <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>. Nuncaesquecer de se fazer uma correcta separação e rejeitar a espécie não comestível. Caso talpreviamente não aconteça, nunca entregar a segundas pessoas a limpeza, preparação ouconfecção dos cogumelos. Uma distracção pode sair cara e o desconhecimento de quemnos vários passos os manuseia, pode conduzir ao consumo inadvertido da espécie tóxica.- Consumir apenas os cogumelos de que haja certeza absoluta da sua correctaidentificação.A ideia de que o não escurecimento dos cogumelos, face ao contacto com o alho oude algum objecto de prata, durante a confecção, é garantia inequívoca da suacomestibilidade, tem de ser definitivamente eliminada da cabeça das muitas pessoas queainda assim pensam. O Amanita phalloides considerado a espécie mais mortal não sofrealterações deste tipo e, no que diz respeito às duas espécies em questão o comportamento éidêntico, contrariamente ao que acontece com o Cantharellus cibarius, excelentecomestível, mas em que se dá o referido escurecimento.- Assegurar que os frades estejam bem cozinhados no momento do consumo.Há publicações que mencionam a existência de hemolisinas (destroem os glóbulosvermelhos) termolábeis (destruídas pelo calor) no <strong>Macrolepiota</strong> procera. Assim, paraeliminar potenciais problemas, estes não podem ser comidos em cru e têm de sercompletamente sujeitos a temperaturas elevadas durante a sua confecção, de modo a seremservidos sempre bem cozinhados.- Evitar consumos exagerados e repetidos.Os cogumelos em geral são alimentos de difícil digestão e não tolerados por todos damesma forma, pelo que se recomenda um consumo moderado, além da rejeição do péfibroso e indigesto do frade, sobretudo após a abertura do chapéu.- Não fazer utilização de sacos de plástico para apanha, transporte ou depósitodos cogumelos em fresco.A película isolante de material flexível, com o movimento da deslocação e o pesodos frades, permite e facilita uma maior acomodação ao espaço, segmentação,conspurcação, retenção da humidade e elevação da temperatura, contribuindo para umarápida degradação do produto.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C8


Os frades apresentam uma taxa respiratória elevada, sendo produtos altamenteperecíveis e com pouca capacidade de conservação em fresco. O espaço que medeia aapanha e a transformação ou a conservação em meio adequado, deve ser o mínimoindispensável para a realização das operações intermédias. A durabilidade é muito restritae o processo de degradação é muito rápido, pelo que se deve procurar colher os cogumelosno melhor estado possível, rejeitando os frades com larvas e com lâminas escurecidas.Não se deve deixar para mais tarde ou para o dia seguinte a sua preparação, aplicando-seaqui bem o provérbio “não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”.Os sacos não permitem as trocas gasosas. Com os cogumelos dentro, depressa asgotículas de humidade se acumulam, a temperatura aumenta e, rapidamente se evolui paraum processo de fermentação, degradativo ao nível da textura e da sanidade do produto. Oscogumelos alterados e envelhecidos produzem toxinas e o seu consumo pode conduzir aintoxicações mais ou menos graves.Os cogumelos devem ser colocados sempre em cestas baixas, porosas e arejadas.Além de se obviarem os inconvenientes anteriormente apontados, tal prática permite adisseminação dos esporos durante a deslocação dos cogumelos pelo campo.- Não fazer colheitas no interior ou nas proximidades de perímetros urbanos,instalações industriais, bermas de estradas e caminhos, e em terrenos onde seexerçam actividades agrícolas com utilização de químicos de síntese ou actividadespecuárias intensivas.Os fungos têm capacidade de absorção e de acumulação de grandes quantidades desubstâncias prejudiciais à saúde humana nomeadamente de metais pesados, sendo estaparticularidade maior em espécies sapróbias, como é o caso do <strong>Macrolepiota</strong> procera.O carpóforo (frutificação do fungo) ou cogumelo, no exterior do solo está maisexposto a este tipo de substâncias presentes em ambientes de atmosfera poluída ou sujeitosa aplicações de produtos biocidas, pelo que pode apresentar ainda uma maior concentraçãode elementos nocivos. Os metais pesados são de difícil eliminação pelo organismo epodem provocar transtornos por acumulação, sendo assim não se devem apanharcogumelos nestas zonas de risco.- Não juntar os desperdícios da preparação e limpeza do <strong>Macrolepiota</strong> procera aexemplares de <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>.Os restos são ricos em esporos, a sua mistura contribuirá potencialmente para oaparecimento no mesmo local das duas espécies e poderá ser a origem de confusõesfuturas. Procurar fazer uma dispersão dos resíduos separada e distante entre lugares, com________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C9


particular atenção do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> para longe da “porta” e para locais poucoacessíveis.- À mínima suspeita deve recorrer imediatamente ao médico.A sentirem-se sintomas, decorrentes da ingestão de cogumelos, não há que esperarpor melhoras mas sim providenciar uma imediata intervenção médica. Nada de arriscar.Quanto mais rápido se processar o diagnóstico e o tratamento, menos prováveis e menosgraves serão as consequências.3 - SinonímiaNo trabalho de recolha de nomes vulgares para a espécie <strong>Macrolepiota</strong> procera, feitopessoalmente nos últimos anos nos mais diversos locais do país, já se registam mais deseis dezenas de denominações:- Agasalho, anilha, arneirinha, arneiro, bagueiro, barifusa, branco de anilha, cachopo,cagumelo, calcinha, capão, capoa, carcomelo, centieiro, chapéu de sol, choteiro, cogordo,cogumelo, cogumelo de chapéu, cogumelo de Inverno, couquinha, ferradinho, frade,fradelho, fradinho, freira, gaiteiro, gasalho, giriboila, maçaneta, marifusa, marroco, moca,moquinha, o da calcinha, o de chapéu, parasol, patamelas, pateirinha, pé de galo, peneira,pintado, popinha, pratela, púcara, pucarinha, púcaro, rapazinho, roca, roclo, rócula, róculo,roque, santieiro, seta, tartulho, tertulho, tocheiro, tortulho, tortulho da calcinha, tortulho decalça, tortulho de gente, tortulho do estrume e turtulho.Poucas designações são atribuídas ao <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>:- Falso frade, frade, gasalho de cão.O <strong>Macrolepiota</strong> procera integra de tal maneira a dieta alimentar no meio rural que amaior parte das pessoas o conhecem por um dos nomes do vasto rol que lhe é atribuído anível local.Já o <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> é pouco conhecido, mesmo assim tem uma denominaçãoem comum, a derivar de uma incorrecta identificação.De qualquer forma o nome vulgar não pode, de maneira nenhuma, ser base deconfiança para o consumo de cogumelos. A designação de frade como já se referiu éabrangente a outras espécies e, entre muitos outros (p.e. tortulho), o termo, consoante olugar, pode referir-se a cogumelos de diferentes géneros, desde comestíveis até aos maisvenenosos.Posto isto, há sempre que proceder a uma correcta identificação dos exemplares aconsumir.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C10


4 - IdentificaçãoNa fase juvenil, em condições normais de humidade, as principais diferençasobserváveis a olho nu nas duas espécies, são as seguintes:Chapéu1 - Forma do chapéu- No <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> o chapéu é inicialmente globoso e no final é aplanado.Foto 3 - Forma globosaFoto 4 - Forma aplanada- No <strong>Macrolepiota</strong> procera é inicialmente ovóide e no final é mamelado.Foto 5 - Forma ovóideFoto 6 - Forma mamelada2 - Área central- O <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> mantém a área central plana ou com ligeira depressão nofinal, sem mamilo definido.Foto 7 - <strong>Centro</strong> plano________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C11


- O <strong>Macrolepiota</strong> procera tem um mamilo central.Foto 8 - <strong>Centro</strong> com mamilo3 - Cutícula3.1 - Cor- O <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> tem cor castanha escura, por vezes um poucoavermelhada.- O <strong>Macrolepiota</strong> procera tem cor castanha.Foto 9 - Cor castanho avermelhadoFoto 10 - Cor castanha________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C12


3.2 - Rompimento- No <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> a cutícula estala radialmente, em grandes escamasestreladas, de tamanho irregular.Fotos 11 e 12 - Rompimento radial- No <strong>Macrolepiota</strong> procera estala de forma concêntrica, em escamas irregulares demaior tamanho na periferia.Fotos 13 e 14 - Rompimento concêntrico4 - Reacção das lâminas ao toque- No <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> as lâminas avermelham ao toque.Foto 15 - Avermelhamento ao toque________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C13


- No <strong>Macrolepiota</strong> procera mantêm a cor.Foto 16 - Sem alteração de corPé1 - Tamanho- O <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> tem o pé curto, proporcional ou inferior à dimensão dochapéu.chapéu.Foto 17 - Tamanhos do pé e do chapéu idênticos- No <strong>Macrolepiota</strong> procera a altura do pé é manifestamente superior ao diâmetro doFoto 18 - Tamanho do pé superior ao do chapéu________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C14


2 - Superfície do pé- No <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> é lisa, de cor clara a acastanhada no final.Foto 19 - Superfície clara e lisaFoto 20 - Cor acastanhada- No <strong>Macrolepiota</strong> procera é de cor castanha e vai gretando em anéis zebrados.3 - Base do péFoto 21 - Superfície zebrada- O <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> tem um bolbo marginado.Foto 22 - Margem inicial- O <strong>Macrolepiota</strong> procera tem um bolbo continuo.Foto 23 - Bolbo marginadoFoto 24 - Sem margem________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>CFoto 25 - Bolbo continuo15


fim.Anel1 - Forma- No <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> o anel é pequeno, duplo no inicio e mais simples noFotos 26 e 27 - Anel duplo no inicio- No <strong>Macrolepiota</strong> procera o anel é duplo.Foto 28 - Forma simplesFotos 29 e 30 - Anel duplo2 - Posição no pé- No <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> o anel situa-se numa posição mais intermédia ou infera.Foto 31 - Anel central ou infero________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C16


- No <strong>Macrolepiota</strong> procera o anel é supero.Foto 32 - Anel supero3 - Mobilidade- No <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> o anel tem pouca mobilidade.Fotos 33 e 34 - Anel com pouca mobilidade- No <strong>Macrolepiota</strong> procera é móvel ao longo do pé.Fotos 35 e 36 - Anel móvelAlguns autores dão o anel do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> como simples e móvel. Noentanto no inicio o anel normalmente apresenta-se com uma língua curta e bífida, comescamas ou franjas. Só o atrofiamento destas conduz no final a um anel mais simples eligeiramente dilatado no exterior. A presença de uma película larga a envolver o pé,confere pouca ou nenhuma mobilidade ao anel.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C17


Cor da carne- No <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> a carne é branca e ao corte adquire tons avermelhados.Fotos 37 e 38 - Avermelhamento da carne ao corte- No <strong>Macrolepiota</strong> procera a carne é branca, imutável ao corte.Fotos 39 e 40 - Sem alteração de cor ao corteParticularidadesA ocorrência de períodos secos propicia comportamentos diferentes no rompimentoda cutícula do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>, com influência na apresentação exterior do chapéu.Nestas condições a formação das escamas dá-se de forma mais regular e concêntrica, porvezes com o esquartejamento profundo e a separação em franja da carne (Fotos 41 a 43),originando situações de maior semelhança entre as duas espécies.Fotos 41, 42 e 43 - Aspectos da formação das escamas________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C18


Fotos 44, 45 e 46 - Rompimento mais concêntricoCom esta aparência nem parece a mesma espécie. Numa visualização rápida eincauta, torna-se mais difícil diferenciar o <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> (Fotos 44 a 48) do<strong>Macrolepiota</strong> procera (Fotos 49 e 50) apenas pelo chapéu.Fotos 47 e 48 - Aspectos do chapéu do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>Fotos 49 e 50 - Aspectos do chapéu do <strong>Macrolepiota</strong> proceraEm resumo e comparativamente ao <strong>Macrolepiota</strong> procera, o <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>,espécie tóxica a rejeitar, tem uma forma atarracada (o chapéu pode apresentar dimensõessemelhantes ao frade mas o pé é mais pequeno); o chapéu, inicialmente globoso, não temmamilo central; a cutícula rompe-se mais radialmente e as escamas são maiores e menosuniformes; as lâminas avermelham ao toque; o pé é liso e o bolbo do pé é marginado; oanel é pouco ou nada móvel, mais simples e central; e toda a carne avermelha ao corte.Ora bem, concluída a identificação não há tempo a perder. É tempo de preparar,servir e saborear com satisfação e confiança a iguaria que é o frade (<strong>Macrolepiota</strong>procera).________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C19


APÊNDICES________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C20


Apêndice I - Ficha técnica do <strong>Macrolepiota</strong> proceraNome cientifico - <strong>Macrolepiota</strong> procera (Scop.: Fr.) SingerNome vulgar - Frade, roca, gasalho, tortulho.Sapróbio - Consegue alimento através da decomposição de matéria orgânica.Habitats - Muito frequente em incultos, campos de culturas herbáceas, clareiras ebordaduras de vegetação arbórea e arbustiva.Época - Final do Verão, Outono e Primavera.Forma de guarda chuva.Chapéu de 10-25cm de diâmetro, carnudo, inicialmente ovóide, depois convexo amamelado, com um mamelão central evidente durante o desenvolvimento; Cutícula de corcastanha que estala de forma concêntrica a partir da margem até ao centro em escamasirregulares de maior tamanho na periferia, deixando aparecer o fundo claro. Mantém áreado mamilo liso e escuro, podendo parte das escamas soltarem-se do chapéu a partir damargem; Margem flocosa, com os fragmentos da separação do anel.Himénio constituído por lâminas livres, apertadas, desiguais, inicialmente de cor brancocreme, adquirindo a arista tons creme rosados, com a idade.Pé de 10-35x1,5-3cm, de inserção central, cilíndrico e bolboso na base, fibroso, oco, decor castanha que se vai gretando em anéis zebrados, deixando mostrar a carneesbranquiçada ou cinzenta; Anel supero, membranoso, persistente, duplo, branco por cimae castanho por baixo, de bordos franjados com os restos da separação do chapéu, móvel aolongo do pé.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C21


Carne branca, de odor agradável e sabor a avelãs.Esporada branca.Comestibilidade - Muito bom. Rejeitar o pé fibroso sobretudo após a abertura do chapéu.Atenção - Não apanhar exemplares com menos de 10 cm, para evitar confusões comLepiotas pequenos com anel, alguns dos quais são tóxicos ou mesmo mortais. Nãoconfundir com <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>, espécie tóxica que, embora menos esbelto podeapresentar dimensões muito semelhantes, com anel mais simples e menos apical, bolbo dopé marginado, carne a avermelhar ao toque e ao corte e as escamas, com menoruniformidade de tamanho e de forma, a romperem-se mais radialmente.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C22


Apêndice II - Ficha técnica do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>Nome cientifico - <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong> BomNome vulgar - Falso frade, gasalho de cão.Sapróbio - Consegue alimento através da decomposição de matéria orgânica.Habitats - Áreas ricas em matéria orgânica, jardins, junto a escombreiras, estábulos emontureiras.Época - Outono.Forma de guarda chuva.Chapéu de 10-20cm de diâmetro, inicialmente globoso, passando por convexo a aplanadoou um pouco deprimido no final; Cutícula de cor castanho escuro, por vezes um poucoavermelhada, sobre fundo creme, que estala radialmente a partir da margem até ao centro,em grandes escamas estreladas de tamanho irregular. No entanto, em períodos mais secos,a formação das escamas faz-se de forma mais concêntrica, podendo ocorrer oesquartejamento profundo e a separação em franja da carne subjacente associada, tomandoestas uma disposição em forma de telhas sobrepostas com ou sem cutícula nasextremidades. Mantém a área central lisa, escura, mas sem mamilo definido, com asescamas a soltarem-se do chapéu a partir da margem; A superfície a descoberto da cutículaavermelha ao toque. Margem apendiculada, ligeiramente flocosa com restos da separaçãodo anel.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C23


Himénio constituído por lâminas livres, apertadas, desiguais, de cor branca a creme depoisrosadas que avermelham sob pressão, adquirindo com a idade tons acastanhados na arista.Pé de 10-15x1-3cm, fibroso, de inserção central, cilíndrico com grande bolbomarginado na base, liso, oco, de cor clara a acastanhada no final que avermelha ao corte;Anel membranoso, persistente, que se rompe em forma de roda dentada, com partesuperior clara e parte inferior com tons de castanho, pequeno, duplo com abas curtasescamosas ou franjadas e, no final, com a regressão destas, mais simples, ligeiramentedilatado no exterior.Carne branca, ao corte adquire tons avermelhados, escurecendo para castanho, de odorfungico.Esporada branca.Comestibilidade - Tóxico.Observação - Muito semelhante ao <strong>Macrolepiota</strong> rhacodes, espécie comestível, cujacarne também avermelha ao corte, mas esta tem a cutícula do chapéu claramentedissociada de forma concêntrica, o anel marcadamente duplo e o bolbo não marginado.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C24


BibliografiaHenriques, J.L.G., 2012, Guia de campo. 50 Cogumelos silvestres das Beiras de interesseem conhecer, AFLOBEI, Castelo Branco, Portugal.Rodriguez, J. A. S., Serrano, J. F., Fernández, J. L. S., Burton, B. G., Suarez, M.C., 2004, Loshongos. Manual y guia didáctica de micologia, IRMA S.L., Leon, Espanha.________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C25


Índice geral1 - Testemunhos e reflexões………………………………………….………...…....…....12 - Cuidados a ter com a apanha, conservação e consumo do frade……………..….....73 - Sinonímia.……………………………………………………………………….….…104 - Identificação…………………….………………………………..…………..….…....11Chapéu................................................................................................................................111 - Forma do chapéu.................................................................................................112 - Área central.........................................................................................................113 - Cutícula...............................................................................................................123.1 - Cor.........................................................................................................123.2 - Rompimento............................................................................................13Reacção das lâminas ao toque..........................................................................................13Pé.........................................................................................................................................141 - Tamanho.............................................................................................................142 - Superfície do pé...................................................................................................153 - Base do pé...........................................................................................................15Anel.....................................................................................................................................161 - Forma..................................................................................................................162 - Posição no pé.......................................................................................................163 - Mobilidade…...………………………………………………………….…..…17Cor da carne………………………………………………..…………………...……..…18Particularidades……………...……….....…..…………………………………………...18Apêndices……………………………………………………………………………...…………20Apêndice I - Ficha técnica do <strong>Macrolepiota</strong> procera.………….…………………….…….21Apêndice II - Ficha técnica do <strong>Macrolepiota</strong> <strong>venenata</strong>……...….…………………...…….23Bibliografia.........................................................................................................................25________________________J.L. Gravito Henriques - <strong>DRAP</strong>C26

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